Chile: Direita começa a facturar

O recentemente eleito presidente do Chile, Sebastián Piñera, adjudicou a três grandes empresas os contratos de fornecimento de materiais para a reconstrução das zonas danificadas pelo terremoto que, a 27 de Fevereiro deste ano, assolou o país. A atribuição milionária, feita por ajuste directo, levantou um coro de protestos entre os pequenos e médios empresários da construção civil.
Acresce que as companhias bafejadas por Piñera, Homecenter-Sodimac, Easy e Construmart, estão estreitamente ligadas a ministros do seu governo e outros membros dos gabinetes executivos. No total, as privadas repartirão entre si e em partes iguais um montante de cerca de 15 milhões de dólares, valor canalizado para o programa «mãos-à-obra».
Os representantes dos PME’s chilenos contestam a operação e dizem que nem sequer tinham conhecimento da existência do referido programa, colocando igualmente em causa o facto de a adjudicação do fornecimento de materiais ter sido feita sem concurso público, por despacho datado de 30 de Março último.

Ligações vantajosas

As dúvidas levantadas perante a decisão do governo da direita consubstanciam-se no facto de as empresas escolhidas terem vínculos evidentes com titulares de cargos públicos em exercício.
A Sodimac é uma empresa da holding Flabella, da qual o actual ministro dos Negócios Estrangeiros foi director. A Easy, por sua vez, é detida pela holding Cencosud. O seu crescimento está ligado à absorção de pequenas construtoras na região mais afectada pelo terremoto, e Laurence Golborne, secretário para as Minas do actual governo, foi seu administrador entre 2000 e 2008.
Por fim, a Construmart, companhia que resulta igualmente de outro processo de fusão recente, integrou, em Novembro do ano passado, ao seu grupo directório Gerardo Jofré, nomeado pela ex-presidente Michelle Bachelet como máximo responsável pela companhia estatal de cobre Codelco, e mantido nessas funções pelo actual chefe de Estado, cujo objectivo assumido é privatizar a empresa pública.

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