A massa salarial da função pública vai cair 14,8% em termos nominais, em 2012, a maior descida de que há registo e a mais agressiva entre todos os países da União Europeia. Este é um dos traços mais negros do cenário actualizado desenhado por Bruxelas, ontem apresentado. A recessão vai afundar até 3% e o programa de ajustamento da economia vai fracassar no mercado de trabalho, mostra a Comissão.
http://www.dinheirovivo.pt/Estado/Artigo/CIECO021839.html
De acordo com as previsões de Outono da Comissão Europeia, o esmagamento salarial no perímetro das administrações inclui já a "eliminação" progressiva dos subsídios de férias e de Natal dos funcionários, medida que permitirá poupar cerca de mil milhões de euros ao Orçamento do Estado do próximo ano. Aliás, a Comissão faz questão de sublinhar que está a contar com a sua aplicação, contrariando eventuais efeitos das dúvidas exprimidas pelo Presidente da República e por alguns sindicatos e juristas relativamente à justeza da medida.
Ainda assim, mesmo sem contar com o efeito do corte de subsídios, a folha salarial dos mais de 600 mil empregados públicos, vai emagrecer mais de 10%, quase tanto quando se espera na Grécia, onde a redução projectada é de 12%. O andamento muito negativo da massa salarial pública faz antever uma autêntica razia nos serviços, boa parte dela obtida através da passagem para a reforma, mas também de outras formas de saída. A restrição de admissões e outras "formas sectoriais" de redução de efectivos são duas das vias referidas pelo Governo.
O Governo já avisou, por exemplo, que pretende reactivar o quadro dos excedentários e, no limite, deixar de pagar a essas pessoas (ou pagar muito pouco), incentivando-os a sair do universo público. Estas tenderão, assim, a procurar emprego no privado ou então a pedir o subsídio de desemprego. A hipótese de haver despedimentos na função pública nunca foi rejeitada pelo Governo.
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