À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

10/11/2011

Impor-se-ia um mínimo de senso

Octávio Teixeira

Na semana passada assistiu-se ao que chegou o descalabro na Grécia, ao agravamento da situação em Itália que passou a estar sob a vigilância do FMI, o G20 a dar nega ao pedido de socorro do Euro, Merkel a escrever que a crise na Zona Euro durará, no mínimo, dez anos.

Na segunda-feira iniciou-se a segunda avaliação da troika no âmbito do programa de resgate e amanhã começa o debate e votação do Orçamento do Estado para 2012.

Do meu ponto de vista a articulação de todos estes factos imporia que o Governo repensasse séria e responsavelmente a estratégia orçamental. O Governo não deveria continuar surdo e cego, a todos e a tudo, e forçar um caminho para o desastre: com as medidas propostas não serão reduzidos os défices de forma sustentada, a dívida e os juros a pagar aumentarão, a recessão prolongar-se-á, os sacrifícios sociais tornam-se insuportáveis e a mirífica "confiança dos mercados" ficará mais longe.

Não retorno, neste momento, ao que considero serem as alternativas de fundo e estruturantes para ultrapassar os problemas do País.

Mas parece-me ser uma exigência mínima que o Governo aproveite a presença da troika para lhe mostrar que os prazos para a redução do défice são objectivamente incumpríveis. E exigir o seu alargamento, absolutamente necessário para permitir reduzir os sacrifícios e abrir uma janela de esperança ao crescimento económico.

Tal como seria da mínima justiça que os sacrifícios a fazer fossem distribuídos por todos os tipos de rendimentos. Não é social e economicamente justificável que os rendimentos de capital sejam poupados relativamente aos do trabalho, nem é compreensível que as proclamadas "gorduras" do Estado se tenham evaporado.

Não creio que o Governo faça nada disto. Mas deveria fazê-lo! 

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=517849

Sem comentários:

Related Posts with Thumbnails