As associações militares dizem esperar uma participação "transversal" das Forças Armadas, alargada aos três ramos e a todas as patentes, na manifestação convocada para sábado e consideram que a instituição militar "nunca viveu um cenário tão negro".
foto Global Imagens/Arquivo |
Militares manifestam-se sábado |
"Eu acredito que a manifestação vá ter um excelente eco, mas mais do que as pessoas presentes, eu penso que é importante que os decisores políticos façam uma leitura ajustada dos factos que se vivem", afirmou à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), Lima Coelho, a propósito da manifestação, que começa no sábado às 15:horas, no Rossio.
Este sargento-chefe da Força Aérea Portuguesa sublinhou que "não é muito comum haver militares a manifestarem-se" e assinalou a adesão "que superou as expectativas" no encontro nacional que teve lugar no mês passado no ISCTE, que as associações dizem ter superado as 1500 pessoas.
"Vi lá generais, almirantes, alguns até no activo, e também tenentes-coronéis, majores, que penso que amanhã [sábado] também estarão presentes", declarou, acrescentando que neste momento há viagens de autocarro organizadas de cidades como Leiria, Braga, Porto, Faro, Beja ou Entroncamento.
"Acho que nunca vivemos algo como agora, eu tenho 33 anos de serviço efectivo, assentei praça em 1978, e não me lembro de ter assistido a um cenário tão negro, tão mau, no interior das Forças Armadas", referiu Lima Coelho.
O líder da ANS referiu que no último mês manteve reuniões com os quatro chefes militares (CEMGFA, Exército, Força Aérea e Marinha) e que pôde observar "um discurso de grande preocupação com as Forças Armadas" e com "os congelamentos cegos".
"É aliás extremamente curioso que os próprios chefes tenham levado ao Parlamento [nas audições que têm sido feitas à porta fechada] a questão dos congelamentos e dos cortes e de alertarem para a necessidade de não se promoverem apenas generais", considerou.
Também o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), coronel Pereira Cracel, disse à Lusa que "se o número de presenças corresponder à gravidade da situação que o país vive, vai haver muitos militares e famílias presentes".
"Penso que na forma será um desfile de militares, como aconteceu noutras ocasiões, mas em termos qualitativos sou levado a acreditar que, atendendo à alteração da situação, há de existir correspondência na participação. As pessoas hoje estão bem mais descontentes e até desesperadas", afirmou.
O coronel voltou a condenar as declarações de Otelo Saraiva de Carvalho aludindo a um golpe militar, questionando até a sua oportunidade: "Nas situações mais críticas aparece sempre o Otelo com aquelas declarações a que já nos habituou, de um destemperamento total".
Já a Associação de Praças (AP), advertiu em comunicado para a "degradação dos direitos que servem de contrapartida ao leque vastíssimo de restrições e deveres a que estão sujeitos os militares, entre os quais avulta o do sacrifício da própria vida".
A AP criticou ainda a "progressiva descaraterização e desarticulação" das Forças Armadas e, "com elas, a significativa redução da capacidade no que respeita à área operacional e às missões de interesse público".
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=2117759&page=-1 |
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