Cada vez mais pessoas optam por regressar ao país de origem. Remessas já estão a baixar.
A crise está a levar muitos imigrantes a deixar Portugal e a regressar aos seus países de origem. O aumento do desemprego, a precariedade do trabalho e a deterioração das condições de vida, que contrastam com o crescimento económico de alguns dos países de origem destes imigrantes, estão a conduzir a um verdadeiro êxodo da mão-de-obra estrangeira.
A saída dos imigrantes, que no início de 2009 eram responsáveis por 5% do PIB, já está a reflectir-se financeiramente: de acordo com os últimos números do Banco de Portugal, as remessas dos imigrantes caíram quase 3% no primeiro trimestre do ano, quando comparado com os números do período homólogo (ver gráfico).
Ao todo, foram enviados para fora de Portugal 124,7 milhões de euros nos primeiros três meses de 2010, menos 2,9 milhões do que em 2009, um número que contraria os dados de um estudo da Comissão Europeia e que indica que Portugal foi o país onde mais aumentaram as remessas de imigrantes ao longo dos últimos anos.
"Neste momento, só não sai de Portugal quem não pode", disse ao DN Ailton Santos, responsável da Casa Grande, uma das maiores associações de imigrantes brasileiros em Portugal. De acordo com este responsável, a explicação para esta situação é simples: "Portugal está em crise profunda e há muito desemprego, principalmente na construção civil [onde trabalha grande parte da comunidade radicada em Portugal], enquanto no Brasil não falta trabalho e a economia está a crescer acima das expectativas", adiantou.
Além da comunidade brasileira, responsável por 51% do total das remessas de imigrantes - também os imigrantes dos países do Leste estão a deixar o nosso país. Segundo Alina Dudcó, da associação Kalina, "só os imigrantes que têm cá a família e a situação regularizada é que ficam. Os restantes estão a sair".
A presidente desta associação de imigrantes do Leste revelou ainda ao DN que, além do aumento das saídas, se tem verificado uma redução do número de cidadão do Leste que escolhe Portugal para vir trabalhar. "Portugal já não é um destino atractivo para quem procura uma vida melhor do que a que tem na Ucrânia ou na Moldávia", sublinhou.
Apesar de a crise ser o principal motivo de saída de muitos imigrantes de Portugal, Ailton Santos garante que esta não é a única razão para o êxodo de Portugal. O responsável pela Casa Grande aponta ainda os incentivos que o Governo de Lula da Silva tem dado a quem regressa com outro forte argumento para justificar o aumento do número de imigrantes brasileiros que estão a regressar ao seu país.
"Agora há condições de crédito muito melhores para quem regressa, com direito a juros bonificados e outros benefícios", sublinhou, frisando que esteve recentemente reunido no Brasil com responsáveis governamentais que lhe asseguraram que a aposta de Brasília para os próximos anos passa pelo regresso dos seus emigrantes. Segundo adiantou ao DN, "o mote do Governo é 'o lugar dos brasileiros é no Brasil', e isso está a cativar muita gente".
Uma das provas da melhoria das condições de vida no Brasil é o número das vendas de automóveis naquele país. Segundo um estudo divulgado pelo Santander, nos últimos 18 meses cerca de oito milhões de famílias brasileiras compraram carro novo, aproveitando a queda de 6,5% dos impostos que incidem directamente sobre o preço dos veículos.
http://dn.sapo.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=1576368
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