O Grande Circo da Demagogia montou a tenda dos milagres, agora com atracções especiais em matéria de propostas para cortes nas despesas do Estado.
Os partidos têm feito as suas sondagens, viajando de táxi para auscultar o bom povo volante sobre o que cairá bem em matéria de redução da despesa e será susceptível de render popularidade e votos aos proponentes.
Um deputado PSD já recuperou a velha proposta para a redução do número de deputados que é a aritmética mais básica da demagogia: cortar no número de deputados sugere ao povinho uma redução na quantidade de supostos madraços que andarão a fazer o pão caro sem contrapartida de produção que se veja. Este é um habitual cavalo de batalha de PS e PSD, que não descansam enquanto não monopolizarem o hemiciclo, varrendo as franjas que incomodam o Bloco Central.
Deputados do leque da direita também propuseram a suspensão das obras para adaptação de uma sala de fumo no Parlamento, medida de enorme alcance, sobretudo para quem não faz contas ao tempo que se perde para ir fumar um cigarro à porta da rua. Proposta recorrente é a do corte das viagens em classe executiva, que aliás já foi apresentada, discutida, adoptada, posta em vigor e ignorada vezes sem conta.
O grande propósito da demagogia é sugerir que a crise toca a todos e também à classe política. Partidos que arengam em permanência, e com uma fúria próxima do racismo, contra as poucas medidas solidárias que ainda restam, contrapõem-lhes retoques de fachada que iludem a realidade e não têm real impacto financeiro.
O que alguns políticos ainda não entenderam é que ao recorrerem à demagogia mais banal, ao cederem ao populismo mais desbragado, estão apenas a ir ao encontro dos argumentos daqueles que nem sequer votam.
http://economico.sapo.pt/noticias/contra-cortes_90862.html
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