Números só são comparáveis ao início dos anos 80. O desemprego de longa duração disparou 41,9% face ao primeiro trimestre de 2009 e o desemprego jovem é já de 22,7%.
A taxa de desemprego atingiu um recorde de 10,6% no primeiro trimestre. Valores só comparáveis aos verificados no início da década de 80. Existem já, de acordo com os dados ontem divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 592,2 mil pessoas sem trabalho, mais 19,4% que há um ano e uma subida de 5,1% em relação aos últimos três meses do ano passado. Um cenário negro ilustrado pelo facto de o desemprego de longa duração ter disparado 41,9% face ao período homólogo, enquanto 22,7 % dos jovens não têm trabalho. O primeiro-ministro admite que a situação "é muito preocupante" mas, socorrendo-se dos dados do IEFP (ver caixa), garante que "o desemprego está a abrandar".
"Com as políticas activas de emprego tradicionais, Portugal está no fundo. Com este nível de desemprego deveríamos estar a um nível muito mais elevado de preocupação no apoio aos desempregados, em termos da criação de postos de trabalho", defende o secretário-geral da UGT. João Proença admite que, com o Verão, até pode diminuir ou estabilizar, mas garante que "depois vai aumentar".
Dramático, o aumento do número de desempregados de longa duração (ou seja, à procura de emprego há mais de 12 meses) foi de 90,2 mil e explicou, segundo o próprio INE, 93,6% do aumento global do desemprego no trimestre, que foi de 96,4 mil pessoas face ao mesmo período de 2009. Extensivo a todos os grupos etários, o aumento do desemprego foi mais notório dos 35 anos em diante, num total de 76,5 mil pessoas afectadas.
Também o emprego diminuiu 1,8% face ao primeiro trimestre de 2009 e 0,3% face ao trimestre anterior, sendo que a população empregada ascende agora a 5008,7 mil pessoas, menos 90,4 mil do que no período homólogo. O sexo masculino foi o mais afectado, explicando 69,1% da variação no emprego, o que não admira se tivermos em conta que, em termos sectoriais, a indústria transformadora e a construção foram os que perderam mais postos de trabalho, respectivamente 41,9 mil e 36 mil. Na redução global do emprego, 97,8% dos casos eram trabalhadores a tempo inteiro, refere o INE. Nota positiva para a diminuição do número de desempregados à procura do primeiro emprego, que sofreu uma quebra de 3,8 mil pessoas.
"Número históricos", reconhece José Sócrates, mas que aponta o dedo ao resto da Europa. "Todos têm elevados níveis de desemprego. Não sei se repararam, mas é uma constante em todo o desemprego europeu." Posição que não convence as centrais sindicais, que se mostram preocupadas com a situação e convictas de que o desemprego vai continuar a aumentar.
Mas, para a CGTP, os números pecam até por defeito. "Somados os inactivos disponíveis e o su- bemprego visível, há 730 mil desempregados, 12,9% da população activa", diz Arménio Carlos. A Intersindical alerta ainda para o facto do subsídio de desemprego em Março de 2009 ser de 532 euros contra 525 euros este ano, "sinal da precariedade e redução dos salários". "Se o Governo persistir no erro, a situação vai agravar-se e a desigualdades e injustiças sociais vão aumentar", avisa.
http://dn.sapo.pt/bolsa/emprego/interior.aspx?content_id=1573217
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