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24/05/2010

Quase 600 mil desempregados no 1º trimestre do ano

Número de desempregados que permanecem nessa situação há 12 ou mais meses aumentou de forma bastante expressiva. Dos 5 600,8 mil indivíduos activos, 10,6% estavam desempregados.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que existiam em Portugal no 1º trimestre de 2010 592,2 mil desempregados, o que corresponde a um aumento de 19,4% e de 5,1% face ao verificado nos trimestres homólogo e anterior, respectivamente. A taxa de desemprego fixou-se assim nos 10,6%. Tal como se tem observado nos últimos trimestres, o desemprego masculino tem conhecido um crescimento mais intenso do que o feminino em termos homólogos, embora face ao trimestre anterior o número de mulheres desempregadas tenha crescido mais em termos relativos do que o contabilizado entre a população masculina. A taxa de desemprego feminina mantém-se acima da masculina (11,4% para 9,8%) e são elas que formam a parcela maioritária da população desempregada.

A taxa de desemprego de 22,7% entre a população com idade entre os 15-24 anos é destacadamente a mais elevada das apuradas para os diferentes grupos etários, embora seja nessa faixa que se verificou um aumento mais reduzido da taxa de variação homóloga e trimestral do desemprego. O número de desempregados com idade entre os 35-44 anos aumentou 33,5% face ao 1º trimestre de 2009, enquanto em relação ao trimestre anterior o grupo etário no qual se verificou um maior aumento relativo foi o que integra a população com idade entre os 25-34 anos (+6,8%).

A população que concluiu no máximo o 9º ano de escolaridade tem a taxa de desemprego mais elevada (11,5%), um pouco acima da observada para a que concluiu o ensino secundário ou pós-secundário. É precisamente entre o grupo dos activos detentores de níveis de escolaridade intermédios que o número de desempregados mais aumentou, quer em relação ao trimestre homólogo (+29,6%), quer comparativamente ao 4º trimestre de 2009 (+11,1%). A taxa de desemprego entre os que concluíram o ensino superior fica não só bastante abaixo dos valores apurados para as outras duas categorias (6,2%), como a comparação homóloga e trimestral indica que é entre esta parcela da população que o crescimento do desemprego tem sido menos expressivo. Aliás, o número de desempregados com o ensino superior concluído diminuiu ligeiramente face ao trimestre anterior.

Quase 42% do desemprego provém da região Norte, na qual a taxa de desemprego se cifra nos 12,5%. O Algarve é no entanto a região na qual este indicador conhece o seu valor mais elevado (13,6%), mas também a que regista um maior aumento do número de desempregados em relação ao 1º e 4º trimestres de 2009: +34,4% e 15,1%, respectivamente. A Região Autónoma da Madeira apresenta a mais baixa taxa de desemprego do país (6,3%), e é a única onde se observou uma diminuição do número de desempregados face aos dois períodos em causa.

O aumento do número de desempregados de longa duração será porventura um dos indicadores mais preocupantes inscritos no boletim do INE. Mais de 305 mil desempregados existentes em Portugal no 1º trimestre de 2010 encontravam-se nessa situação há 12 ou mais meses. O número de desempregados que procuravam trabalho num período de tempo entre os 12-24 meses cresceu 55,9% face ao 1º trimestre de 2009 e 1,6% em relação ao trimestre anterior; o número dos que estavam nessa situação há mais de dois anos aumentou comparativamente ao período homólogo 31,4%.

O INE estima que a população empregada totalizasse 5 008,7 mil indivíduos no 1º trimestre de 2010, o que significa uma diminuição homóloga de 1,8% (90,4 mil indivíduos) e trimestral de 0,3% (14,8 mil indivíduos). A taxa de emprego estimada foi de 55,6%, valor que atinge os 61,5% entre os homens e 50,1% no seio da população activa feminina. Dos 5 008,7 mil empregados, 3312,8 mil tinham concluído no máximo o 9º ano de escolaridade (66,1%), 866,3 mil o ensino secundário ou pós-secundário (17,3%) e 829,6 mil o ensino superior (16,6%).

Entre o 4º trimestre de 2009 e o 1º trimestre de 2010, 1,4% dos indivíduos que estavam nesse primeiro período empregados transitaram para uma situação de desemprego e 0,9% para a inactividade. Neste sentido, 2,3% dos indivíduos empregados deixaram de estar nessa condição no 1º trimestre de 2010 (97,7% permaneceram empregados). Do total de indivíduos que estavam desempregados no 4º trimestre de 2010, 13,8% acederam ao emprego e 11,2% transitaram para a inactividade. Por outro lado, entre o 4º trimestre de 2009 e o 1º trimestre de 2010, 1,3% dos inactivos transitaram para o emprego e 1,9% para o desemprego.

Nota metodológica (definições do INE):

Taxa de actividade (15 e mais anos)
Taxa que permite definir a relação entre a população activa e a população em idade activa (com 15 e mais anos de idade).
T.A. (%) = (População activa / População com 15 e mais anos) x 100

Taxa de desemprego
Taxa que permite definir o peso da população desempregada sobre o total da população activa.
T.D. (%) = (População desempregada / População activa) x 100

Taxa de emprego (15 e mais anos)
Taxa que permite definir a relação entre a população empregada e a população em idade activa (com 15 e mais anos de idade).
T.E. (%) = (População empregada / População com 15 e mais anos) x 100

Taxa de inactividade (15 e mais anos)
Taxa que permite definir a relação entre a população inactiva em idade activa (com 15 e mais anos de idade) e a população total em idade activa.
T.I. (%) = (População inactiva com 15 e mais anos / População com 15 e mais anos) x 100


http://observatorio-das-desigualdades.cies.iscte.pt/index.jsp?page=news&id=93

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