Os trabalhadores do sector dos transportes têm vindo a desenvolver, desde dia 7 e até amanhã, 14, um conjunto de acções e lutas contra os cortes salariais e em defesa dos direitos adquiridos.
Para ontem estava marcada nova reunião de organizações sindicais da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN), tudo indicando que no final fosse anunciada a continuação desta luta na segunda semana de Fevereiro.
No dia 7 à tarde, uma delegação da Comissão de Trabalhadores da Carris, mandatada pelo plenário de subcomissões de trabalhadores que decorreu de manhã, deslocou-se ao Ministério dos Transportes onde reclamou conhecer os verdadeiros contornos do plano de redução de custos apresentado pela administração ao Governo e onde constarão cortes, na ordem dos 15 por cento, no orçamento da empresa. Os trabalhadores temem que estes cortes se reflictam nas remunerações, em alterações de horários laborais, na supressão de carreiras e em despedimentos, explicou ao Avante!, durante a concentração, o representante da CT da Carris, Manuel Leal.
«Na imprensa foi divulgado que o plano de redução de custos já tinha sido entregue pela administração ao Governo, sem que antes tenha sido apreciado pela Comissão de Trabalhadores, como obriga a lei em vigor», disse, pelo que decidiram pedir explicações ao Ministério da tutela.
À saída da reunião com dois subsecretários de Estado, Manuel Leal informou ter sido garantido aos representantes dos trabalhadores que «o Governo ainda não conhece o plano da administração» e que a CT será convocada para uma reunião no Ministério quando o plano for apresentado.
Prevendo a ausência de resposta concreta ao problema, e porque, como disse Manuel Leal, «estamos fartos de promessas incumpridas», a resolução aprovada no plenário anunciava já «o firme empenhamento» no sucesso das jornadas de luta do sector dos transportes e comunicações, que decorrerão no próximo mês, se não fosse dada a conhecer à CT, nesta reunião, o plano de redução de custos.
Na mesma resolução lembra-se que o Artigo 470.º do Código do Trabalho refere que as propostas relativas a legislação laboral devem ser publicadas integralmente no Diário da República ou no Boletim do Trabalho e Emprego, o que, até ao momento, não se verificou.
Lutas nos transportes
Integrado na mesma semana de protestos esteve o plenário de dia 8 na Rodocargo, do Grupo Barraqueiro, no concelho de Vila Franca de Xira.
Na segunda-feira foi a vez de dirigentes e activistas sindicais se concentrarem, no Porto, diante da associação patronal, ANTROP, enquanto diante do Ministério do Trabalho e da Segurança Social se concentraram dirigentes da Direcção Regional de Lisboa do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos.
Para ontem estava prevista uma concentração de representantes sindicais diante da ANTRAM (associação patronal do transporte rodoviário de mercadorias») e um plenário de trabalhadores diante da sede do Metropolitano de Lisboa. Para o início da tarde os ferroviários tinham convocado uma manifestação nacional, com concentração na Praça do Rossio e deslocação até à residência oficial do primeiro-ministro.
Amanhã concentram-se trabalhadores e dirigentes sindicais diante da sede da Rodoviária de Lisboa, estando previsto, para sábado, novo plenário na Rodocargo.
Processos disciplinares
Continuam a ser esgrimidos, em Tribunal do Trabalho, os argumentos relativos à imposição de processo disciplinares a 27 trabalhadores da Carris por terem aderido à greve de 27 de Abril, no sector dos transportes, convocada pela CGTP-IN, confirmou Manuel Leal.
Em tribunal continua também o processo de impugnação de serviço mínimos definidos unilateralmente pelas administrações da CP e da Soflusa, que aplicaram faltas injustificadas aos trabalhadores que recusaram cumpri-los na greve geral. O SNTSF/CGTP-IN exigiu a retirada daquelas faltas e uma reposição dos valores dos prémios de assiduidade retirados na Soflusa. «A greve é uma falta justificada», salienta o SNTSF no seu primeiro boletim geral deste ano.
Manifestação nacional
No comunicado em que anuncia a manifestação nacional de trabalhadores ferroviários, marcada para ontem, em Lisboa, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário salienta que esta acção pretende reclamar do Governo respeito pelo direito à contratação colectiva, por um serviço público com qualidade, por investimentos na ferrovia nacional e por trabalho com direitos. A manifestação, convocada por dezena e meia de estruturas representativas da esmagadora maioria dos trabalhadores do sector, seria também um protesto contra a diminuição dos salários, as privatizações, o desinvestimento público e os despedimentos.
Lembrando que a mensagem de fim-de-ano do novo presidente da CP referia que «os sacrifícios são para todos», o SNTSF/CGTP-IN recorda que o mesmo «não teve coragem, até ao momento, de explicar quais as medidas e como as pretende implementar» na CP, na EMEF e na CP-Carga.
1 comentário:
Trabalhem e deixem-se de tretas, se não querem trabalhar, existe muita gente que quer e não tem trabalho. Reclamam de barriga cheia, contentem-se com o que têm.
Os sindicatos só servem para colocar trabalhadores contra trabalhadores!
Aconselho os sindicalistas a trabalharem e produzirem para o país, e deixem-se de uma vez por todas de POLITIQUICES.
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