O aumento dos níveis de emprego na Alemanha está a ser acompanhado do alastramento do trabalho a tempo parcial e dos baixos salários que condenam os trabalhadores à pobreza.
As autoridades germânicas congratularam-se na passada semana com o alcance de um recorde histórico no nível de emprego no país. De acordo com o organismo oficial de estatísticas, o mercado laboral ocupou em média 40,37 milhões de pessoas em 2010, ou seja mais 197 mil (0,5%) do que no ano anterior e o maior número jamais registado.
Este resultado é tanto mais surpreendente quanto em 2009 a economia alemã atravessou uma profunda recessão, contraindo-se quase cinco por cento do Produto Interno Bruto. Porém, as medidas governamentais que subvencionaram as empresas para manterem os postos de trabalho a tempo parcial permitiram evitar um drástico agravamento do desemprego.
Com a reanimação da economia no ano passado, que terá crescido 3,7 por cento segundo as previsões, a taxa de desemprego reduziu-se de 7,4 por cento em 2009 para 6,8 por cento em 2010, um desempenho de fazer inveja a países como Portugal, Espanha, Irlanda, Grécia e tantos outros que contribuíram para elevar o total de desempregados para 23 milhões na União de Europeia.
Contudo, por trás da aparência das estatísticas esconde-se a realidade menos aprazível da precariedade e dos baixos salários que conheceram uma expansão preocupante neste período na Alemanha. Assim, no país mais rico da UE há perto de cinco milhões de trabalhadores que ganham 400 euros mensais (El País, 04.01) e 11,5 milhões que vivem abaixo do limiar da pobreza, ou seja, têm rendimentos abaixo de 965 euros (Avante!, 25.02.10).
Desta forma, a crise manteve-se no contraído mercado interno, e a recuperação da economia alemã está cada vez mais dependente das exportações. Por isso as estimativas para este ano são mais modestas: o PIB alemão poderá crescer à volta de dois por cento, isto se tudo correr bem nos países mais dinâmicos, nomeadamente na China.
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