Esta expressão popular, utilizada para caracterizar contextos em que alguém (individual ou colectivamente) sofre grandes percalços, ou sente enormes dificuldades em resolver um problema ou uma situação concreta, tem hoje, infelizmente, uma enorme acuidade no dia-a-dia da vida dos portugueses, que se "vêem gregos" para fazer face ao desemprego, ao aumento da exploração, a orçamentos familiares de miséria, a injustiças gritantes.
Vemo-nos gregos quando observamos que as desastrosas políticas europeias e de outros poderes internacionais dominantes se aplicam em Portugal, na Grécia e noutros países, tolhendo o nosso desenvolvimento, enfraquecendo a democracia e pondo em causa a nossa soberania.
Portugal, como a Grécia, tem a sua soberania crescentemente posta em causa, nomeadamente: i) pela actuação de estruturas e organizações do poder financeiro (agências de rating e outras) que subjugam impunemente os povos e os exploram de diversas formas; ii) pela actuação das multinacionais, "instituições" que forçam o seu poder e mecanismos de exploração sobre os estados e até sobre instituições supranacionais e mundiais; iii) pela acção das instâncias de poder informal desde o G20 ao G2 e, a nível europeu, pelas troikas que impõem programas de governação aos países; iv) pelo efeito das políticas neoconservadoras e neoliberais de uma União Europeia que desrespeita os povos, as suas condições e culturas, e por práticas de países poderosos que se acham no direito de ditar e impor regras, numa espécie de novo colonialismo.
Este ataque à soberania, feito por poderes não legitimados e não controláveis, mostram o fracasso das instituições e dos valores dominantes que sustentaram o sistema político em que temos vivido e, por isso, significam também, como refere o director-geral da OIT, no seu relatório à 100.ª Conferência da Organização, que "já se iniciou uma nova era mundial. A experiência histórica mostra-nos que as novas eras começam com o colapso dos dogmas e das estruturas de poder dominantes". A luta dos povos para definir os perfis dessa nova era pode ser dura e algo demorada, mas é por aí que se constroem as alternativas.
Entretanto, os portugueses e as portuguesas vêem-se gregos quando observam que as políticas de austeridade, de recessão e de empobrecimento em Portugal seguem, e a passo acelerado, o que foi aplicado na Grécia. Os portugueses sentem que, na fila para o precipício, a diferença que nos separa da Grécia é que eles vão em primeiro lugar e nós em segundo, com o povo a ser convencido a toda a hora de que não há alternativa.
Tivemos um primeiro-ministro, José Sócrates que, numa forma esquisita de "gerar esperança", tomava medidas agravando os problemas, ao mesmo tempo que anunciava que caminhávamos para o melhor dos mundos.
Agora, Passos Coelho, figura primeira de um Governo claramente neoliberal e neoconservador, induz na sociedade portuguesa, constantemente, a inevitabilidade de "estarmos preparados para o pior", como forma de levar as pessoas a aceitarem, submetidos, o seu empobrecimento acelerado.
É doloroso observar-se com pormenor o que está inscrito no Orçamento do Estado para 2012, porque a conclusão que se tira parece algo produzido por mentes doentes: as políticas que o Governo se propõe adoptar assentam na recessão económica e tomam o agravamento do desemprego, o aumento dos horários de trabalho, a redução da retribuição do trabalho e os cortes com as prestações sociais, como factores estruturantes do empobrecimento dos portugueses.
Nenhum ser humano, nenhuma sociedade, é capaz de pagar dívidas, de cumprir compromissos materiais, se não puder produzir a riqueza necessária para saldar essas dívidas. Nenhum cidadão vive melhor se empobrecer!
O recuo social e civilizacional em curso coloca "a Constituição da República entre parênteses", suspende e viola o Estado de Direito em múltiplas áreas, como na laboral, onde a imposição do aumento de horários de trabalho sem aumento de retribuição configura, sem dúvida, o regresso ao trabalho forçado.
Vemo-nos gregos quando observamos que as desastrosas políticas europeias e de outros poderes internacionais dominantes se aplicam em Portugal, na Grécia e noutros países, tolhendo o nosso desenvolvimento, enfraquecendo a democracia e pondo em causa a nossa soberania.
Portugal, como a Grécia, tem a sua soberania crescentemente posta em causa, nomeadamente: i) pela actuação de estruturas e organizações do poder financeiro (agências de rating e outras) que subjugam impunemente os povos e os exploram de diversas formas; ii) pela actuação das multinacionais, "instituições" que forçam o seu poder e mecanismos de exploração sobre os estados e até sobre instituições supranacionais e mundiais; iii) pela acção das instâncias de poder informal desde o G20 ao G2 e, a nível europeu, pelas troikas que impõem programas de governação aos países; iv) pelo efeito das políticas neoconservadoras e neoliberais de uma União Europeia que desrespeita os povos, as suas condições e culturas, e por práticas de países poderosos que se acham no direito de ditar e impor regras, numa espécie de novo colonialismo.
Este ataque à soberania, feito por poderes não legitimados e não controláveis, mostram o fracasso das instituições e dos valores dominantes que sustentaram o sistema político em que temos vivido e, por isso, significam também, como refere o director-geral da OIT, no seu relatório à 100.ª Conferência da Organização, que "já se iniciou uma nova era mundial. A experiência histórica mostra-nos que as novas eras começam com o colapso dos dogmas e das estruturas de poder dominantes". A luta dos povos para definir os perfis dessa nova era pode ser dura e algo demorada, mas é por aí que se constroem as alternativas.
Entretanto, os portugueses e as portuguesas vêem-se gregos quando observam que as políticas de austeridade, de recessão e de empobrecimento em Portugal seguem, e a passo acelerado, o que foi aplicado na Grécia. Os portugueses sentem que, na fila para o precipício, a diferença que nos separa da Grécia é que eles vão em primeiro lugar e nós em segundo, com o povo a ser convencido a toda a hora de que não há alternativa.
Tivemos um primeiro-ministro, José Sócrates que, numa forma esquisita de "gerar esperança", tomava medidas agravando os problemas, ao mesmo tempo que anunciava que caminhávamos para o melhor dos mundos.
Agora, Passos Coelho, figura primeira de um Governo claramente neoliberal e neoconservador, induz na sociedade portuguesa, constantemente, a inevitabilidade de "estarmos preparados para o pior", como forma de levar as pessoas a aceitarem, submetidos, o seu empobrecimento acelerado.
É doloroso observar-se com pormenor o que está inscrito no Orçamento do Estado para 2012, porque a conclusão que se tira parece algo produzido por mentes doentes: as políticas que o Governo se propõe adoptar assentam na recessão económica e tomam o agravamento do desemprego, o aumento dos horários de trabalho, a redução da retribuição do trabalho e os cortes com as prestações sociais, como factores estruturantes do empobrecimento dos portugueses.
Nenhum ser humano, nenhuma sociedade, é capaz de pagar dívidas, de cumprir compromissos materiais, se não puder produzir a riqueza necessária para saldar essas dívidas. Nenhum cidadão vive melhor se empobrecer!
O recuo social e civilizacional em curso coloca "a Constituição da República entre parênteses", suspende e viola o Estado de Direito em múltiplas áreas, como na laboral, onde a imposição do aumento de horários de trabalho sem aumento de retribuição configura, sem dúvida, o regresso ao trabalho forçado.
http://www.jn.pt/Opiniao/default.aspx?content_id=2102427&opiniao=Carvalho%20da%20Silva
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