O chefe de Estado-Maior do Exército (CEME) disse hoje que "sente" no seio dos militares as mesmas preocupações e descontentamento que existem em toda a sociedade, recusando comentar a manifestação convocada pelas associações do sector para 12 de Novembro.
"A manifestação tem regras, os militares fazem um uso do direito consignado na lei e certamente cumprirão os limites dessa lei. Sobre isso não tenho nada mais a referir", disse o general Pinto Ramalho, em resposta a perguntas que os jornalistas lhe colocaram à saída de uma audição na comissão parlamentar de Defesa Nacional, que decorreu à porta fechada.O CEME garantiu que não nota um "ambiente crispado no seio do Exército", explicando estar a falar "do normal funcionamento da cadeia de comando: aí o Exército funciona de forma coesa e disciplinada".
"Agora, com certeza que sinto no Exército aquilo que as pessoas sentem no país. Têm mais dificuldades, têm mais problemas... Isso sente-se. Faço aliás um comando de proximidade e é muito fácil para mim aperceber-me de qual é o sentimento dos quadros e das tropas. É um sentimento que deve ser acompanhado e não foge ao sentimento geral da população: preocupação em relação ao futuro, preocupação em relação às contenções e às restrições [orçamentais]. Mas isso é o que se passa em casa de cada um dos portugueses", afirmou Pinto Ramalho.
O general referiu o caso do congelamento das promoções, que "afecta não só aquilo que é o funcionamento institucional, estrutural do ramo".
"Tem a ver com o normal desenvolvimento de carreira, a promoção é uma peça do desenvolvimento normal de carreira. Quando esse desenvolvimento normal não se faz, as pessoas também se interrogam e têm a sua expectativa", disse. As três associações de praças, oficiais e sargentos que representam os militares convocaram um protesto para 12 de Novembro em Lisboa, numa manifestação própria separada da da Função Pública marcada para o mesmo dia.
A concentração, no Rossio, será seguida de desfile que terminará no Terreiro do Paço, em frente ao Ministério das Finanças. As associações consideram que está em curso "um violento ataque às condições de vida dos portugueses e por consequência dos militares e suas famílias". A concentração foi ainda marcada tendo em conta "a redução das remunerações, aliada aos cortes dos subsídios de férias e de Natal e ao aumento generalizado dos impostos", que está a "atirar muitos" militares para "o limiar da impossibilidade de cumprir com os compromissos financeiros assumidos".
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