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23/11/2011

Portugueses começam a despertar, diz Carvalho da Silva

«O medo é compreensível, é um sinal da condição humana», reconheceu o secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva. No entanto, o líder da Intersindical entende que começa a «despertar» a união entre os portugueses.
Em vésperas da greve geral que une CGTP e UGT, Carvalho da Silva disse à Lusa que «a unidade na acção é muito importante» e que o momento actual exige «uma identidade forte de todo o movimento sindical».
Confessando que ainda desconhece a sua agenda para quinta-feira, o líder da CGTP indicou que o dia começa cedo. «Lá pelas 5h30 da manhã», comentou.
Ao fim de 25 anos à frente da Intersindical, Carvalho da Silva reconheceu que muitas foram as greves que integrou, mas admitiu que «esta greve se realiza num contexto de exigência de um enormíssimo sacrifício aos trabalhadores portugueses».
Assumindo que «a pressão do desemprego e da precariedade de trabalho são muito grandes», Carvalho da Silva reforçou que «é preciso o país levantar-se contra esta proposta de empobrecimento e de retrocesso social e civilizacional».
Mas e o medo? Ora, «o medo é compreensível, é um sinal da condição humana», disse Carvalho da Silva, quando confrontado com o facto de as pessoas recearem perder o emprego em tempos de austeridade.
«Neste momento há portugueses que vivem muito mal, em situação de pobreza, quer sejam trabalhadores no activo, quer desempregados e pensionistas ou reformados e há outros que, não vivendo na pobreza, às vezes cinco ou dez euros no orçamento familiar conta muito», lamentou o sindicalista.
Apontou o dedo aos «patrões sem escrúpulos, que aproveitam para intensificar a repressão e a exploração», num contexto de austeridade. Mas para Carvalho da Silva «há momentos na vida dos povos que exigem todo sacrifício e quando está em causa a dignidade, a justiça e a democracia, ai de quem não vai à luta».
«Há um pressuposto imprescindível: o de saber que estamos a sacrificar-nos e a trabalhar para um futuro melhor e isso os portugueses começam a perceber», afirmou.
Contrariando a ideia segundo a qual «só caindo no fundo do buraco o país começa a subir», Carvalho da Silva reforçou que a greve geral será isso mesmo, «um sinal muito forte de que os sacrifícios exigidos não têm sentido».
E rematou: «A política actual não nos conduz a um futuro melhor, desafia-nos a empobrecer e ponto final. É uma visão estratégica redutora que os portugueses começam a entender e julgo que esta greve vai demonstrar que não nos vamos submeter».
Esta é a terceira greve geral em que a CGTP e UGT se juntam, mas apenas a segunda greve conjunta das duas centrais sindicais portuguesas já que em 1988 a CGTP decidiu avançar e a UGT, autonomamente, também marcou uma greve geral para o mesmo dia.
A greve do próximo dia 24 foi marcada após o Governo ter anunciado novas medidas de austeridade, nomeadamente a suspensão dos subsídios de férias e de Natal na função pública, assim como o aumento do tempo de trabalho no sector privado.

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=34499

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