Jorge Cordeiro
Foi notícia o lançamento de nova caixa para engraxadores. Desenhada e desenvolvida por um instituto de design, a solicitação da Santa Casa da Misericórdia da capital, esta criação que visará assegurar a recuperação da profissão será modelo único no mundo.
É fácil de antever, para lá das vantagens que trará aos clientes e à dignificação desta tradicional actividade e meio de subsistência para as centenas que se dedicam à profissão, o entusiasmo que o evento não deixará de gerar nos círculos governantes. Uma oportunidade única, na visão modernizadora do ministro da Economia, para dar resposta e saída profissional aos milhares de jovens licenciados cuja única perspectiva profissional é a de saltarem de call-center em call-center ou de caixa em caixa de hipermercado; uma oportunidade única, na visão estratégica do ministro das Finanças, para encontrar aquela especialização nacional na divisão internacional do trabalho que há-de assegurar os níveis de competitividade capazes de afirmar o País no mundo; uma oportunidade única, na visão irresponsavelmente optimista do primeiro-ministro, para adicionar na venda a retalho de empresas e activos nacionais que promove um pouco por todo o mundo, esta nova conquista da tecnologia que, menos versátil mas mais robusta do que o famoso «magalhães», será testemunho da nossa ilimitada capacidade de inovação; ou ainda a oportunidade única que o Presidente da República assinalará, não apenas enquanto expressão da inata capacidade lusa para superar dificuldades e infortúnios mas, sobretudo, enquanto exponenciação do «empreendedorismo» que vive dentro de cada um, capaz de testemunhar que só não singra quem não é capaz ou suficientemente engenhoso, que a pobreza e o desemprego são defeito de carácter e não resultado de um sistema assente no arbítrio, na exploração e desenfreada concorrência impostas pelas relações de produção e pela apropriação privada dos meios de produção. Uns e outros, verão na coisa, mais do que uma caixa para engraxadores destinada aos que exercem dignamente essa actividade, uma caixa de «engraxadores» para seu uso pessoal no exercício de dar graxa e prestar vassalagem aos que lhes determinam o rumo de declínio a que querem condenar o País.
É fácil de antever, para lá das vantagens que trará aos clientes e à dignificação desta tradicional actividade e meio de subsistência para as centenas que se dedicam à profissão, o entusiasmo que o evento não deixará de gerar nos círculos governantes. Uma oportunidade única, na visão modernizadora do ministro da Economia, para dar resposta e saída profissional aos milhares de jovens licenciados cuja única perspectiva profissional é a de saltarem de call-center em call-center ou de caixa em caixa de hipermercado; uma oportunidade única, na visão estratégica do ministro das Finanças, para encontrar aquela especialização nacional na divisão internacional do trabalho que há-de assegurar os níveis de competitividade capazes de afirmar o País no mundo; uma oportunidade única, na visão irresponsavelmente optimista do primeiro-ministro, para adicionar na venda a retalho de empresas e activos nacionais que promove um pouco por todo o mundo, esta nova conquista da tecnologia que, menos versátil mas mais robusta do que o famoso «magalhães», será testemunho da nossa ilimitada capacidade de inovação; ou ainda a oportunidade única que o Presidente da República assinalará, não apenas enquanto expressão da inata capacidade lusa para superar dificuldades e infortúnios mas, sobretudo, enquanto exponenciação do «empreendedorismo» que vive dentro de cada um, capaz de testemunhar que só não singra quem não é capaz ou suficientemente engenhoso, que a pobreza e o desemprego são defeito de carácter e não resultado de um sistema assente no arbítrio, na exploração e desenfreada concorrência impostas pelas relações de produção e pela apropriação privada dos meios de produção. Uns e outros, verão na coisa, mais do que uma caixa para engraxadores destinada aos que exercem dignamente essa actividade, uma caixa de «engraxadores» para seu uso pessoal no exercício de dar graxa e prestar vassalagem aos que lhes determinam o rumo de declínio a que querem condenar o País.
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