A 'troika' considerou hoje exagerado os 655 milhões de euros que o ministro das Finanças anunciou que Portugal irá pagar em comissões do empréstimo internacional, afirmando que desconhecem estes valores, acusou o PCP, que pediu esclarecimentos sobre a matéria.
Em declarações aos jornalistas, o deputado do PCP Miguel Tiago explicou que durante a reunião de hoje entre os líderes da missão e a comissão parlamentar de acompanhamento do programa terá confrontado os responsáveis com este valor, e que estes desconheciam o valor e consideraram-no mesmo exagerado.
"O Orçamento do Estado para este ano prevê o pagamento faseado em quatro anos de 655 milhões de euros em comissões pelos serviços da chamada 'troika'. Aliás, esse valor foi denunciado pelo PCP no plenário e confirmado pelo Ministério das Finanças na altura e hoje durante a reunião, o PCP questionou os próprios representantes das entidades estrangeiras, que desconheciam tal valor. Não só o desconheciam como entenderam que era até um valor exagerado", disse o deputado.
Os representantes do Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia terão mesmo dito que iriam "averiguar eles próprios a que se deveria essa integração pelo Governo desse valor", apontando para um valor normal a rondar os 0,5 por cento do valor total do empréstimo em comissões, que daria cerca de 390 milhões de euros.
"Os representantes da 'troika' aludiram para um valor muito menor habitual, que seria no total inferior a meio ponto percentual do empréstimo", acrescentou Miguel Tiago.
O PCP quer agora esclarecimentos do Governo sobre este valor.
"É importante que o Governo esclareça após esta reunião com os membros das entidades estrangeiras que hoje estiveram no Parlamento sobre o real valor das comissões que de acordo com o Governo integram o buraco, o desvio colossal. É urgente que o Governo clarifique qual é o real valor que vai pagar por esta intervenção externa que teima em chamar ajuda e que na verdade nos leva pelos vistos 655 milhões ou já não sabemos muito bem, mas o que é de facto urgente é que se saiba qual o real valor que o país vai pagar", diz o PCP.
Miguel Tiago diz que este pode ser "um valor que pode estar a ser empolado" numa altura em que muitos sacrifícios têm sido pedidos aos portugueses, e que da parte do PCP trata-se de ser esclarecido o assunto, já que o partido considera que esta comissão "será sempre um roubo independentemente do seu valor porque não é por nenhum serviço prestado".
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