«O crescimento estagnou na Europa e há o perigo de uma nova recessão», reconheceu o comissário europeu para os Assuntos Económicos e Monetários, Olli Rehn, ao apresentar, dia 10, as previsões económicas de Outono.
Sabendo que não tinha boas notícias para dar, o comissário abriu a conferência de imprensa com uma nota de humor negro: «Por favor não disparem sobre o mensageiro. Estas previsões são o último sinal de alerta».
Efectivamente, as perspectivas da Comissão Europeia são sombrias: a recessão, ou seja, dois trimestres consecutivos de recuo da actividade económica, parece inevitável e praticamente todos os indicadores estão no vermelho. A dívida nos países da zona euro continuará a agravar-se, ultrapassando os 90 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012, e não se espera «nenhuma melhoria real» no mercado de trabalho, devendo a taxa oficial de desemprego na zona euro atingir os dez por cento no final deste ano.
«A recuperação da economia da UE parou. A confiança deteriorou-se acentuadamente e está a afectar o investimento e o consumo, o enfraquecimento do crescimento global está a deter o aumento das exportações e a urgente consolidação orçamental está a pesar sobre a procura doméstica». «O resultado para a economia europeia é infelizmente desastroso», constatou o comissário europeu.
Portugal recua uma década
Para Portugal, a Comissão Europeia prevê uma recessão de três por cento do PIB em 2012. Este ano o produto irá cair 1,9 por cento. Pior que Portugal só mesmo a Grécia com uma quebra de 5,5 por cento este ano, a que somará 2,8 por cento em 2012.
Ao mesmo tempo, a dívida portuguesa passará de 101,6 por cento do (PIB) este ano para 111,6 por cento em 2012. O desemprego fixa-se em 12,6 por cento, mas atingirá os 13,6 por cento em 2012.
Neste contexto, o PIB per capita português, em paridade de poder de compra, cairá este ano para 71,3 por cento da média da UE15 (os países da União Europeia antes do alargamento a Leste de 2004). Em 2012 volta a cair para 69,1 por cento, nível que se manterá em 2013. Nesse ano, Portugal recuará ao nível de 1998 e será ultrapassado pela Eslováquia, cujo PIB per capita é actualmente de 67,2 por cento da média da UE15, mas irá subir até aos 70,1 por cento em 2013. Atrás do nosso País restarão a Bulgária, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia e Roménia.
As previsões de Bruxelas assinalam igualmente um retrocesso das remunerações reais (corrigidas da inflação) per capita, que vão cair 3,3 por cento este ano, cinco por cento em 2012 e 1,1 por cento em 2013.
Mesmo comparando com 1984, quando na sequência de outra intervenção do Fundo Monetário Internacional as remunerações reais per capita baixaram 9,2 por cento em Portugal, a redução agora prevista será superior a 9,4 por cento no referido período de três anos.
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