Octávio Teixeira
Em tempos de balanço de seis meses do Governo, veio-me à memória o que foi dito nos idos de sessenta, durante a ditadura brasileira, por um general quando tomou o poder: "o Brasil está à beira do abismo, nós vamos dar um passo em frente".
Em tempos de balanço de seis meses do Governo, veio-me à memória o que foi dito nos idos de sessenta, durante a ditadura brasileira, por um general quando tomou o poder: "o Brasil está à beira do abismo, nós vamos dar um passo em frente". Arredado o contexto político, parece-me ser uma ideia ajustada a estes seis meses de governação.Ninguém tem dúvidas que este Governo recebeu uma pesada herança em termos económicos e financeiros. Mas, em vez de abandonar o caminho que aí nos levou, o Governo seguiu as mesmas pegadas em dose reforçada, iludindo a situação financeira, agravando a situação económica e provocando uma crise social. Sem que se perspective qualquer melhoria para o futuro. Deu o tal passo em frente para o abismo.
Há três orientações da actuação governativa que me parecem paradigmáticas.
Uma, a de se mostrar absolutamente indisponível para discutir com a troika a enormidade da austeridade que está a ser imposta ao país sem abrir (antes fechando ainda mais com a ideia e a prática de ir para além dela) possibilidades de animação da economia sem a qual nenhum problema poderá ser resolvido, em termos económico, financeiro, orçamental e social.
Outra, a de não ter qualquer intervenção no seio da União Europeia visando afirmar uma posição de Portugal face à não resposta global à crise multifacetada que se vai aprofundando na União. A única posição que se lhe conhece é o de estar sempre de acordo com as imposições de Angela Merkel e de as louvar.
A terceira, o facto de o Governo ter elegido os trabalhadores como o alvo a abater: aumentando o desemprego, reduzindo-lhes os salários, retirando-lhes direitos e, agora, mandando-os emigrar.
Foram seis meses perigosamente perdidos para o futuro do país.
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