João Paulo Guerra
O Governo inglês parece ter um plano de contingência para retirar os respectivos nacionais de Portugal e Espanha, por meio de aviões, barcos, autocarros, se o euro ou a banca entrarem em colapso.
A revelação, nas páginas do "The Daily Telegraph", o ‘broadsheet' britânico de maior circulação, é desastrosa para Portugal. Depois de ter sido divulgado tal plano é bem possível que as agências de ‘rating' classifiquem Portugal como lixo tóxico resistente à co-incineração, com as respectivas consequências para os juros da dívida e as finanças de Portugal. O facto é de maior gravidade pelas relações de parentesco e intimidade entre The Torygraph - como é vulgarmente designado - "The Telegraph", e o ‘tories' de David Cameron no poder em Londres. A notícia assemelha-se a um recado.
A verdade, porém, é que o próprio Governo português parece ter igualmente um plano de evacuação de portugueses de Portugal, o que será incomparavelmente mais gravoso. Com efeito, depois de um secretário de Estado praticamente anónimo ter sugerido aos jovens portugueses que se raspem daqui para fora, antes que seja tarde para eles próprios e para o País, veio agora o próprio primeiro-ministro de Portugal insinuar aos professores sem colocação que vão procurar trabalho lá fora, no vasto mercado de uma língua que vai do Minho a Timor, com escala por Angola, Moçambique e Brasil, pelo menos.
Será difícil que alguém tenha na memória um chefe de Governo a incitar os respectivos governados a que lhe desamparem a loja. Mais espantoso é o facto de um chefe de Governo exortar à emigração os professores, num país em que cerca de um quinto da população não tem qualquer nível de ensino, apenas 13% conclui o secundário e somente 12% possui o ensino superior.
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