O secretário-geral da CGTP acusa o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho de proferir uma “afirmação criminosa” ao sugerir a emigração como saída para os professores sem colocação.
Em conferência de imprensa, Carvalho da Silva considera que estas afirmações representam um atentado “contra os direitos das pessoas”.
“Uma coisa é tratar-se da emigração com todas as hipóteses e também com as sensibilidades que o problema tem, à luz de uma realidade que é o país viver numa situação difícil e com muito desemprego. Outra coisa é a ligeireza e a forma simplista como se diz: ‘Vão por aí fora’. Isto está a criar uma desvalorização muito significativa da força de trabalho portuguesa no estrangeiro. A afirmação do primeiro-ministro é criminosa, atenta contra os direitos das pessoas”, afirma o líder sindical.
Carvalho da Silva revela ainda ter tido conhecimento, este fim-de-semana, que em Angola as empresas continuam a recrutar quadros portugueses, mas os ordenados são metade do que ofereciam há alguns meses. O secretário-geral da CGTP adverte que a imagem de Portugal está a cair muito aceleradamente.
Questionado numa entrevista ao “Correio da Manhã” sobre se aconselharia os “professores excedentários que temos” a “abandonarem a sua zona de conforto e a “procurarem emprego noutro sítio”, Passos Coelho sugeriu a emigração: “Em Angola e não só. O Brasil tem também uma grande necessidade ao nível do ensino básico e secundário”.
Passos Coelho deu esta resposta após ter referido as capacidades de Angola para absorver mão-de-obra portuguesa em sectores com “tudo o que tem que ver com tecnologias de informação e do conhecimento e ainda em áreas muito relacionadas com a saúde, com a educação, com a área ambiental, com comunicações”.
“Sabemos que há muitos professores em Portugal que não têm, nesta altura, ocupação. E o próprio sistema privado não consegue ter oferta para todos”, disse o primeiro-ministro.
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