Henrique Custódio
«Crianças com fome desmaiam em escolas gregas», noticiava-se há dias em primeira página, mas não era preciso invocar esta tragédia grega – literalmente, e sem ponta de ironia – para nos chocarmos de novo com o tenebroso rumo desta «Europa connosco».
Aqui mesmo, no torrão lusitano, cresce o número de câmaras municipais que decidem abrir as cantinas escolares durante as férias de Natal para garantirem uma refeição diária às suas crianças, coisa que não encontram em casa.
Mas como os dramas sociais crescem à escala, o pior ainda não é isto: o pior é que as ainda existentes 300 câmaras municipais (enquanto este Governo não as «encolhe») estão longe de poder corresponder indefinidamente a esta emergência; o pior é que o número de crianças e adolescentes a precisar desta refeição multiplica-se ao ritmo do quase um milhão de desempregados, que é para aí que transbordam os tímidos 600 e tal mil anunciados pelos números oficiais.
Trata-se de uma catástrofe em progresso e, como os tecnocratas do Governo não se fartam de o recordar, o pior ainda está para vir. Dizem-no com a frieza e a implacabilidade de um contabilista que anota preto no branco, em cursivo comercial, um deve-e-haver a executar de imediato, olhando langorosamente o País como uma gigantesca coutada que eles, os tecnocratas, vão «aparar» a seu bel-prazer.
E aí estão eles, agindo em nome da «reforma do Estado» mas actuando para o desmantelar até ao osso, reduzindo-o à sua ancestral função de instrumento do poder das classes dominantes e expurgando-o de funções sociais «daninhas», fruto da «Abrilada» que, aspirando em haustos de prazer antecipado, imaginam reduzida finalmente a escombros.
Enquanto esta tragédia lusitana se vai desenrolando a compasso do barítono Passos – que preenche com boa voz e discurso fluente a sua imensa vacuidade política – na «Europa connosco» prossegue o paulatino afundamento do euro e da União Europeia, ao ritmo da cupidez dos banqueiros, capitalistas e outros «investidores» que, sobretudo na Alemanha, comandam uma política a canalizar no imediato rios de «dividendos» resultantes dos «empréstimos» leoninos que vão impondo aos «países periféricos» (e onde já está a Itália, que é «apenas» a terceira economia da União Europeia), mas que a médio prazo irá desencadear profundas e quase generalizadas convulsões sociais, pelo desapossamento em massa de direitos adquiridos pelos povos, alguns deles civilizacionais como o direito ao trabalho, à saúde, ao ensino, à cultura ou à reforma.
Mesmo em termos estritamente capitalistas, está abundantemente demonstrado que esta «ditadura do défice» imposta pelos negócios da banca alemã à União Europeia está a levar à ruína acelerada um número crescente de países, pondo seriamente em causa a sobrevivência do euro e da própria União. E nada indica que a estratégia suicidária não vá prosseguir até ao fim anunciado.
Entretanto, a fome continua a grassar. Nas crianças e nos adultos.
Aqui mesmo, no torrão lusitano, cresce o número de câmaras municipais que decidem abrir as cantinas escolares durante as férias de Natal para garantirem uma refeição diária às suas crianças, coisa que não encontram em casa.
Mas como os dramas sociais crescem à escala, o pior ainda não é isto: o pior é que as ainda existentes 300 câmaras municipais (enquanto este Governo não as «encolhe») estão longe de poder corresponder indefinidamente a esta emergência; o pior é que o número de crianças e adolescentes a precisar desta refeição multiplica-se ao ritmo do quase um milhão de desempregados, que é para aí que transbordam os tímidos 600 e tal mil anunciados pelos números oficiais.
Trata-se de uma catástrofe em progresso e, como os tecnocratas do Governo não se fartam de o recordar, o pior ainda está para vir. Dizem-no com a frieza e a implacabilidade de um contabilista que anota preto no branco, em cursivo comercial, um deve-e-haver a executar de imediato, olhando langorosamente o País como uma gigantesca coutada que eles, os tecnocratas, vão «aparar» a seu bel-prazer.
E aí estão eles, agindo em nome da «reforma do Estado» mas actuando para o desmantelar até ao osso, reduzindo-o à sua ancestral função de instrumento do poder das classes dominantes e expurgando-o de funções sociais «daninhas», fruto da «Abrilada» que, aspirando em haustos de prazer antecipado, imaginam reduzida finalmente a escombros.
Enquanto esta tragédia lusitana se vai desenrolando a compasso do barítono Passos – que preenche com boa voz e discurso fluente a sua imensa vacuidade política – na «Europa connosco» prossegue o paulatino afundamento do euro e da União Europeia, ao ritmo da cupidez dos banqueiros, capitalistas e outros «investidores» que, sobretudo na Alemanha, comandam uma política a canalizar no imediato rios de «dividendos» resultantes dos «empréstimos» leoninos que vão impondo aos «países periféricos» (e onde já está a Itália, que é «apenas» a terceira economia da União Europeia), mas que a médio prazo irá desencadear profundas e quase generalizadas convulsões sociais, pelo desapossamento em massa de direitos adquiridos pelos povos, alguns deles civilizacionais como o direito ao trabalho, à saúde, ao ensino, à cultura ou à reforma.
Mesmo em termos estritamente capitalistas, está abundantemente demonstrado que esta «ditadura do défice» imposta pelos negócios da banca alemã à União Europeia está a levar à ruína acelerada um número crescente de países, pondo seriamente em causa a sobrevivência do euro e da própria União. E nada indica que a estratégia suicidária não vá prosseguir até ao fim anunciado.
Entretanto, a fome continua a grassar. Nas crianças e nos adultos.
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