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13/10/2011

Chilenos avançam com greve geral

A Confederação de Estudantes do Chile (Confech) convocou para os próximos dias 18 e 19 de Outubro uma nova paralisação e responsabilizou o governo pelo fim do diálogo com estudantes. O movimento sindical unitário une-se ao protesto.
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O apelo de estudantes e trabalhadores para a realização de uma jornada de luta de 48 horas surge após o rompimento das conversações entre representantes dos alunos e executivo.
Os primeiros a abandonar as negociações foram os jovens do Secundário, que, quarta-feira da semana passada, foram confrontados pelo governo com «a mesma proposta de há cinco meses», explicou o dirigente Roberto Toledo.
Um dia depois, quinta-feira, os estudantes do Superior seguiram-lhes o passo. O executivo «abortou propositadamente esta mesa de diálogo», explicou a responsável da Confech, Camila Vallejo, porque «não tem nem capacidade, nem vontade política para responder às exigências da maioria dos chilenos».
Vallejo precisou que na base do rompimento das negociações está a insistência das autoridades «numa proposta que há mais de três meses temos vindo a rechaçar», algo que a dirigente estudantil qualificou de «provocação e manifestação clara de desinteresse na evolução das conversações».
Já o governo considera que o fim do diálogo se deve à tomada do movimento estudantil pelos «grupos mais radicais, intransigentes e ideologizados». Andrés Chadwick insistiu igualmente que o executivo vai manter os projectos legislativos para o sector, não obstante o parlamento chileno ter advertido que não aprovará nenhuma norma que não tenha sido previamente discutida com os agentes educativos.

Tiques da ditadura

No mesmo dia em que representantes do Ensino Superior punham termo ao arremedo negocial montado pelos governantes, milhares de alunos dos liceus e das escolas profissionais do Chile tentaram levar por diante uma manifestação pacífica no centro da capital, Santiago. A marcha acabou por ser impedida pela polícia militarizada, alegando que o protesto não estava autorizado.
Antes mesmo de partirem para a 35.ª acção de massas estudantil em cinco meses de conflito social, os jovens foram violentamente reprimidos com recurso a gás lacrimogéneo e canhões de água, prática brutal que traz à memória os tempos da ditadura fascista liderada por Augusto Pinochet. Pelo menos 250 pessoas foram detidas e mais de 30 resultaram feridas.
A atitude do presidente Sebastian Piñera é de tal forma provocatória que, na quarta-feira, 5, um dia antes da marcha do Secundário e enquanto ainda se aguardava a comparência dos estudantes do Superior nas negociações, o governo decidiu suspender as bolsas de alimentação a dez mil estudantes do mais elevado nível de ensino, facto que motivou uma imediata concentração de centenas de alunos junto ao edifício dos serviços sociais.
Mas a deriva repressiva de Piñera e dos seus acompanhantes no Palácio de La Moneda não se fica por aqui. Em curso está a alteração do Código Penal com o objectivo de agravar as penas de prisão em casos de desordem pública ou ocupação de edifícios, norma que o presidente defende dizendo que «as coisas vão mudar para melhor no nosso país».
Declaração mais enfática do propósito de criminalizar e reprimir a luta, só mesmo a do porta-voz do poder, Chadwick, que enfatizou recentemente que «a nossa mão não vai tremer e não demonstraremos qualquer fraqueza em procurar controlar as situações de ordem pública».

 A luta é o caminho
Foi neste contexto que estudantes e trabalhadores se viram constrangidos a convocar para os próximos dias 18 e 19 de Outubro uma jornada de luta em todo o país.
Pela Central Unitária de Trabalhadores, Arturo Martínez, o responsável máximo da CUT, considerou que a mobilização geral por parte de todas as forças sociais e políticas é a única resposta.
Já os estudantes reuniram durante o fim-de-semana em plenário de organizações e aprovaram não apenas a decisão da comissão executiva da Confehc de suspender a comparência a qualquer tipo de diálogo como o governo, mas, também, a proposta de uma greve geral no sector.
A exigência de educação pública, gratuita e de qualidade goza do apoio de 90 por cento dos chilenos, dado que resulta de um referendo organizado, há uma semana, pelo sindicato dos professores em todo o país, e no qual participaram cerca de um milhão e meio de pessoas.

http://www.avante.pt/pt/1976/internacional/116664/

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