Ao cabo de quase um mês, os protestos nos EUA sob o lema «Ocupem Wall Street» já se fizeram sentir na maioria dos estados norte-americanos. De acordo com notícias publicadas por meios locais, acções heterogéneas como o próprio movimento já ocorreram em 45 regiões.
No final da semana passada, acampamentos permanentes, concentrações, assembleias e debates já se haviam realizado em cerca de 900 cidades. Manifestações no Oregon (10 mil pessoas, de acordo com meios de comunicação dos EUA), Califórnia ou Nova Iorque, reuniram milhares de pessoas, com destaque para a realizada, dia 5, nesta última, que contou com forte participação de sindicatos como o dos Trabalhadores dos Transportes ou dos Professores.
Também na quarta-feira, marchas de solidariedade para com as reivindicações mais salientes do «Ocupem Wall Street» ocorreram em 75 universidades dos EUA.
Sexta-feira, as acções continuaram, centradas sobretudo na contestação às guerras imperialistas. Iniciativas pelo imediato regresso dos soldados do Afeganistão e do Iraque foram levadas a cabo em Washington, frente à Casa Branca, para onde há meses cerca de 150 organizações vinham mobilizando, mas também em Los Angeles, Nova Iorque ou Sacramento.
O crescimento da contestação acompanha a persistência de uma economia em recessão com dramáticas consequências sociais. No plano do desemprego, por exemplo, à taxa oficial recorde de 9,2 por cento, soma-se a perspectiva de agravamento da situação.
O número de despedimentos em Setembro cresceu 212 por cento para a maior cifra num só mês desde Janeiro de 2009. No total, foram delapidados quase 116 mil empregos directos, contra 37 mil no mesmo mês de 2010. Até ao final de Agosto deste ano, as empresas norte-americanas já haviam anunciado ou concretizado planos de delapidação de mais 480 mil postos de trabalho,
Entretanto, outros dois bancos foram encerrados pela entidade reguladora, elevando para 76 o número de entidades bancárias falidas só este ano.
Em 2010, 2009 e 2008, faliram 157, 140 e 25 entidades financeiras, respectivamente.
Neste contexto, não é de estranhar que as pesquisas de opinião – que parecem multiplicar-se à medida que a tensão social cresce no país – indiquem um decréscimo da popularidade do presidente, do governo no seu conjunto e do Congresso.
De acordo com uma universidade do Connecticut, o descontentamento para com a liderança de Barack Obama subiu de 41 para 55 por cento. Na mesma pesquisa, 44 por cento dos norte-americanos diz que o país ainda vai ficar pior, e 77 por cento acredita que os EUA foram arrastados para a recessão.
A Gallup, por seu lado, diz que 81 por cento dos norte-americanos está descontente com a forma como país está a ser governado, enquanto que uma sondagem publicada pelo Washington Post e pela ABC afirma que apenas 42 por cento dos norte-americanos estão satisfeitos com Obama, e somente 14 por cento avaliam positivamente os eleitos no Congresso.
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