À procura de textos e pretextos, e dos seus contextos.

13/11/2008

O Médico Higienista na Escola: As Origens Históricas da Medicalização do Fracasso Escolar

Patrícia Carla Silva do Vale Zucoloto - Profa. Substituta do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA)

"A presente pesquisa teve como objetivo investigar a história das explicações das dificuldades de escolarização das crianças das classes populares, em especial a versão que patologiza o fenômeno, através da análise de conteúdo do discurso médico sobre as concepções de higiene pública e de higiene escolar e do papel do médico na escola nas teses inaugurais da Faculdade de Medicina da Bahia na segunda metade do século XIX. Foram submetidas a análise de conteúdo cinco teses que traziam a questão da higiene das escolas em seus títulos e compreendiam o período histórico de 1869 a 1898, ou seja, o período correspondente à passagem do Império para a República. Os resultados dessa análise foram objeto de uma análise contextual, ou seja, foi realizada a sua inserção no momento histórico em que foram produzidos, tendo em vista a interpretação do conteúdo levantado. Verificou-se que as origens históricas da patologização dos problemas de escolarização das crianças das classes populares estão na defesa da importância da medicina para a escola, importância da presença médica nesta instituição e na concepção preconceituosa de povo brasileiro, central nas teorias adotadas pelos médicos. Concluiu-se que nas primeiras teses médicas sobre instituições escolares estão presentes prescrições que vão se concretizar pouco mais tarde na história da educação brasileira, como é o caso da inspeção médica na escola. Trata-se da constituição de um discurso médico sobre a educação que vai ser aprofundado e concretizado em teorias e ações ao longo do século XX."

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