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26/08/2009

Instituições esperam crise mais grave em Setembro

Muitas famílias, sem emprego há vários meses, ficarão sem direito a subsídio e mais empresas fecharão. Banco Alimentar e Cáritas temem que em Setembro problemas disparem, apesar de pedidos terem estabilizado durante o Verão

As instituições de apoio social prevêem um forte agravamento da situação de crise das famílias em Setembro e Outubro. Porque muitas pessoas que ficaram sem trabalho nos últimos dois anos vão agora perder direito ao subsídio de desemprego, e porque se estima que mais empresas venham a fechar. Além disso, quem dispunha de algumas economias, vê agora as reservas esgotarem-se.

A preocupação foi manifestada ao DN por Isabel Jonett, presidente do Banco Alimentar contra a Fome, que lembra que muitas famílias que têm sobrevivido desde 2007 com o subsídio de desemprego vão agora perder direito à prestação social. Além disso, acrescenta, "são pessoas que se enquadram no grupo dos novos pobres e que não são abrangidas pelo rendimento social de inserção". Famílias endividadas, com qualificações profissionais, mas sem emprego há muitos meses.

Luís Costa, presidente da Cáritas de Coimbra, partilha da mesma preocupação. "Espero estar enganado. Mas temo que no terceiro trimestre do ano a situação se agrave. Muitas mais pessoas vão ter a experiência do desemprego. E, para muitos, o período do subsídio termina agora." Estima-se ainda que algumas empresas que fecharam para férias não voltem a abrir.

Luís Costa diz ainda que, com o fim das férias e o regresso da sociedade à vida activa, muitas famílias vão ganhar mais consciência do drama que estão a passar. Além disso, acrescenta, o facto de a agenda política e mediática se focar noutros temas, como as eleições ou a gripe A, passará a crise para segundo plano. O que, tendo em conta que muitas instituições vivem de donativos, não augura boas perspectivas.

Os pedidos de apoio alimentar das famílias estabilizaram durante o Verão. Depois de um primeiro semestre em que os casos dramáticos dispararam em todo o País, Julho e Agosto têm sido mais calmos.

Ao Banco Alimentar de Lisboa não chegaram recentemente mais pedidos directos do que nos meses anteriores, confirmou Isabel Jonett. Contudo, Agosto é um mês atípico, pois mais de 40% das instituições estão encerradas ou a funcionar a meio gás. Com isso, são reduzidas as refeições servidas em centros de dia, lares e jardins-de-infância e diminuídos os cabazes alimentares distribuídos às famílias. Algumas instituições reforçam a distribuição de Julho e antecipam a de Setembro para evitar rupturas nos stocks familiares.

Lino Maia, presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), considera também que em Agosto há uma redução significativa de pedidos de apoio e que podemos até estar a assistir ao "estabilizar" do problema. "Isso não quer dizer que a situação esteja melhor. Não tem havido tantos casos novos, como houve em Abril e Maio. Mas as situações complicadas mantém-se."

Algumas creches e jardins-de--infância ficam com menos afluência ou encerram durante o mês de Agosto. Mas como a maioria das instituições não tem apenas uma valência aberta ao público, explica o presidente da CNIS, "na generalidade, o apoio às famílias continua a ser prestado".

D.N. - 26.08.09

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