09/03/2010

Malparado volta a crescer nas famílias e empresas

Incumprimento é mais grave nas empresas, onde subiu quase 300 milhões num mês

O crédito malparado das famílias e empresas voltou a aumentar em Janeiro, depois da redução registada no último mês de 2009. Nas empresas, os montantes de cobrança duvidosa aproximaram-se de novo dos cinco mil milhões de euros, mais concretamente 4,8 mil milhões, um crescimento homólogo absoluto de 77,1%. Entre os particulares, as dívidas de crédito em incumprimento já somam 3,7 mil milhões de euros, mais 26,2% que em Janeiro de 2009, de acordo com os primeiros dados do boletim estatístico de Janeiro de 2010 do Banco de Portugal, ontem disponibilizados online.

Os níveis de malparado voltam a aumentar, na medida em que a concessão de novos empréstimos estão em queda, com a única excepção no crédito à habitação (ver texto em baixo). Assim, o peso do incumprimento no saldo total de empréstimos a particulares sofreu um agravamento de 22,7% em Janeiro, passando de um rácio de 2,2% no crédito total concedido no primeiro mês do ano passado para 2,7% em igual mês de 2010.

Os empréstimos destinados ao consumo continuam a ser os campeões do incumprimento. Em termos absolutos, as dívidas de crédito em atraso referentes ao financiamento de automóveis, electro- domésticos ou férias cresceram 35% de Janeiro, face a igual período do ano passado. O aumento do seu peso no saldo total para esta finalidade apresenta uma evolução muito idêntica, ou seja, mais 31,3%, representando no primeiro mês deste ano 6,7% do total concedido para financiar o consumo. Perante dificuldades acrescidas, são estes os primeiros créditos a deixarem de ser pagos.

Na habitação, a cobrança duvidosa aumentou 17% em termos absolutos, atingindo os 1,9 mil milhões de euros, com o rácio de incumprimento no total atribuído para este fim a crescer 13,3%.

A evolução da carteira total de crédito a particulares apresenta um crescimento muito reduzido. Quer porque os portugueses estão com receio de se endividar quer porque os bancos estão a apertar o acesso ao crédito, o certo é que a evolução do saldo total do crédito nas mãos de particulares cresceu apenas 4,2%, ascendendo a 138,2 mil milhões de euros. Só no crédito à habitação se registou um aumento homólogo maior, de 5,3%, para 110,2 mil milhões de euros.

Os empréstimos ao consumo estão praticamente estagnados, com o saldo total a crescer 1,7%, para 15,6 mil milhões de euros, de Janeiro a Janeiro.

O crédito a empresas está praticamente estagnado, ao mesmo tempo que os montantes de cobrança duvidosa cresceram vertiginosamente. Sectores como a construção, imobiliário e indústria transformadora vivem uma conjuntura de forte deterioração das suas carteiras de crédito, representando já cerca de 70% do malparado do tecido empresarial.

Em Janeiro último, os montantes em incumprimento nas mãos das empresas ascendia a 4,8 mil milhões de euros, o terceiro valor mensal mais alto de sempre.

O saldo de crédito total concedido a sector cresceu apenas 1,6%, para 117,6 mil milhões de euros, o que contribui para um aumento de 78,2% no rácio de incumprimento, que passou de 2,3% em Janeiro de 2009 para 4,1% em igual mês deste ano.

Em termos de valores totais, é nas actividades imobiliárias e serviços que se registam os níveis mais elevados de créditos de cobrança duvidosa, com 1,3 mil milhões de euros em incumprimento, seguida da construção, com 1,2 mil milhões.

http://dn.sapo.pt/bolsa/interior.aspx?content_id=1514392

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