Os trabalhadores dos CTT afirmaram-se hoje surpreendidos e “apreensivos” com a privatização da empresa, prevista no Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC), considerando que o Estado quer vendê-la enquanto é rentável e temendo despedimentos.
“Quanto mais venderem agora melhor ficarão, porque provavelmente a empresa, nos próximos anos, com ou sem privatização, irá desvalorizar”, afirmou José Rosário, da Comissão de Trabalhadores (CT) dos CTT, referindo-se à acrescida concorrência esperada com a liberalização do mercado postal a partir de 2011.
“A ideia que me dá - acrescentou - é que o Estado está a tentar transferir a responsabilidade da prestação deste serviço para a iniciativa privada, tendo em consideração que até agora isto sempre deu resultados apetecíveis e nunca dependemos do Estado em termos de dinheiro, mas daqui para a frente não sabemos como é que vai ser”.
Em declarações à agência Lusa, José Rosário confessou-se “apreensivo”, temendo que uma evolução menos favorável do negócio venha a resultar em despedimentos naquela que é a maior empregadora do país, com 13 mil funcionários.
“Neste momento a situação da empresa em termos económicos é boa, os números falam por si, mas há uma quebra significativa no negócio postal que, com a liberalização, pode vir a causar maiores dificuldades”, antecipou.
Dado o elevado volume de trabalhadores dos CTT, José Rosário receia que “pode vir a haver excedentes de pessoal em números significativos”.
“Aquilo que, hoje, é uma empresa economicamente equilibrada, no meio de tudo isto pode vir a transformar-se numa empresa privada deficitária que depende do subsídio do Estado ou directamente do orçamento geral do Estado para prestar um serviço público que é a distribuição postal”, alertou.
Ainda assim, o representante da CT acredita que não será “muito difícil” encontrar interessados no capital dos CTT: “Tendo em consideração os resultados que a empresa tem apresentado nos últimos anos se calhar não é muito difícil, mas se [os interessados] se inteirarem exactamente do que é o negócio postal e do seu futuro, poderá haver alguma dificuldade”, disse.
Como potenciais interessados, José Rosário avança a Mota Engil e a Sonae, que “há algum tempo atrás já se mostraram publicamente interessadas no negócio postal”.
Na sua opinião, “se calhar” os CTT até seriam “mais bem geridos pelo privado do que pelo público”, mas os efeitos da liberalização postal “vão por em causa a continuidade do serviço nos moldes hoje existentes” e “criar mais algumas dificuldades”.
Actualmente accionista único dos CTT, o Estado português deverá, segundo o representante dos trabalhadores, abdicar agora da maioria do capital dos correios.
“Com a ânsia do PEC que aí está, a avançar-se para a privatização, hão-de tentar privatizar o máximo de capital, até para realizar mais dinheiro, tendo em consideração que os resultados da empresa hoje podem não ser assim daqui a um ano”, concluiu.
A agência Lusa tentou ouvir a administração dos CTT, o que não possível até ao momento.
http://economia.publico.pt/Noticia/trabalhadores-dos-ctt-apreensivos-com-abertura-do-capital-aos-privados_1427476
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