“Hoje temos um défice grande - há dois anos situávamo-nos nos 2,6 por cento e agora nos 9,3 por cento - mas isto não foi porque se tenham pago salários elevados ou porque se tenha gasto muito dinheiro a defender ou a criar emprego, antes pelo contrário”, disse Carvalho da Silva à Lusa à margem de um encontro destinado a assinalar os 100º aniversário do dia internacional da mulher.
No entender do secretário geral da Intersindical, “este défice aumentou porque se foi ao orçamento e se levou centenas de milhões de euros para tapar buracos do funcionamento dos sistema financeiros e dos grandes grupos económicos, muitas vezes para tapar buracos de roubos que foram feitos”.
Carvalho da Silva opõe-se, por isso, aos cortes nos salários da função pública o que classificou de “incongruência”.
“As soluções para o Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC) que não salvaguardarem como prioridade o crescimento económico e o desenvolvimento da sociedade portuguesa, tendo as pessoas no centro, e não a cotação das ações na bolsa”, é algo inaceitável para a CGTP.
Alertou, por isso, para o facto de “se o país se submeter às chantagens do setor financeiro no plano nacional ou das empresas de rating no plano internacional ou dos parâmetros duros da União Europeia que são feitos na mesma base, estamos a condenar o país para uma geração”.
O dirigente da CGTP denunciou ainda a “promiscuidade das parcerias público-privadas”, uma vez que “todos os anos é posta nas mãos de uns quantos privados dinheiro para gerirem sem riscos, em que apenas apresentam a factura ao Estado”.
“Há grandes investimentos onde os orçamentos descarrilam sempre, e aí há imenso por onde cortar, não é pelos salários”, considerou.
A concluir, Carvalho da Silva condenou o facto de o Governo não ter discutido com os partidos e parceiros sociais um documento primordial para o país.
“O Governo ganhava se o discutisse efectivamente e não neste modelo de primeiro prepará-lo e depois, como facto consumado, apenas para pequenos reacertos ir discutir com os parceiros sociais ou com os pequenos partidos. Não sabemos qual é o jogo político que está por detrás disto”, concluiu.
http://economia.publico.pt/Noticia/pec-cortar-salarios-para-baixar-o-defice-e-incongruencia-defende-a-cgtp_1426149
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